Este é o título de uma matéria publicada pela Revista Psique e escrita pelo psicólogo e pedagogo Josef David Yaari, presidente do Instituto Pro-Líbera, entidade voltada para que cada pessoa se libere das amarras das ideologias ou doutrinas por meio de seminários, encontros e cursos, além de dar apoio a famílias e grupos operativos.
Assim dei início a uma profunda e impactante leitura, ecoando dentro de mim as experiências vividas na clínica e na minha vida pessoal. Houve ressonância! Era como se o colega estivesse extraindo o meu pensar e o meu sentir a respeito de assuntos e conteúdos polêmicos, porém, extremamente pontuais. Afirmar, por exemplo, que o ser humano vive em busca do “algo a mais” ou de uma motivação profunda que daria sentido para sua vida, não é nenhuma novidade. Mas estabelecer uma relação entre o prazer do sexo, do estômago e dos jogos de poder com a busca do sentido real que “abriria os canais para os diversos universos, os diversos patamares de nossa consciência, – existentes, mas não perceptíveis ao senso comum ou à cultura de massa” – foi realmente imprescindível para que eu pudesse compartilhar com vocês esta pretensa reflexão.
Podemos dizer que estamos vivendo uma fase de transição diante desse movimento social que busca, a qualquer custo, o prazer efêmero das sensações e do sentimentalismo inúteis para a nossa evolução. Esta fase transitória nos remete à transcendência, que é a capacidade de superar os limites normais, o que é esperado por meio desses jogos de prazer e de poder. Neste sentido, o autor inicia sua matéria com alguns questionamentos surpreendentemente intrigantes:
Afinal, vivemos pra quê? O que, de fato, é a nossa mais profunda motivação? Para que e para onde se move a nossa alma? É verdade que o que queremos, no fundo de tudo, é o prazer e o poder?
Neste sentido, percebemos que ainda se faz necessário o uso de determinados “rituais de passagem” para transcendermos a esses limites, do que é perceptível aos olhos do corpo físico. Rituais que incluem não somente as tradições e as chamadas “religiões”, mas toda e qualquer crença ou ideologia que convida as pessoas a experimentarem uma “morte simbólica”. É a morte do desejo pelo desejo, do sexo pelo sexo, da comida pela comida, do poder pelo poder.
Quando experimentamos o gozo do desejo efêmero e inútil, percebemos que nosso esforço foi em vão porque, em seguida, experimentamos uma espécie de “vazio” ou a “falta de”. Uma experiência de morte provocada pela falência de um outro desejo, mais profundo, mais intenso, mais real. Como disse o psicólogo Josef: “É o encontro com Thanatos (na mitologia grega, o deus da Morte) depois de viver o Eros (na mitologia grega, o deus da Vida) em todos os aspectos possíveis. Exatamente por isso ocorrem os rituais da morte simbólica nas tradições, no sentido de provocar o desapego, a possibilidade de superar suas próprias amarras”. Quando nos libertamos de tudo aquilo que, de alguma forma, nos aprisiona, das expectativas que tentamos corresponder para pertencer a esta ou aquela “tribo” (ou tradição), experimentamos o gozo real da liberdade conquistada por um processo de individuação. É quando encontramos a nós mesmos, transcendendo o mundo do sensacionalismo ou das emoções baratas e supérfluas que, muitas vezes, estão à serviço de organizações perversas que manipulam e controlam o nosso “querer”, a nossa liberdade de expressão e de escolha.
Assim, de forma contundente, o psicólogo afirma: “… em todos os nossos atos, seja aparentemente pelo poder, seja pelo prazer, estamos querendo exercer uma identidade que se supera e, daí, compartilhar o que conquistamos”.
Ou seja, celebrar nossas conquistas é poder tornar-se um SER único, integrado, indivisível, e, então, incorruptível!