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Dando continuidade aos artigos elaborados pelo Sr. Carlos Wagner P. Firpo, especialista em Gestão da Segurança da Informação, iremos apresentar os riscos de não definirmos regras claras sobre o uso de pen drives nas organizações.

Eles medem apenas 6 centímetros, levam uma microplaca de circuito, um chip de memória — e é só. Enganam-se, porém, os que subestimam esses pequenos objetos. Um simples pen drive já pode abrigar até 64 gigabytes de informação. Isso significa o conteúdo de 16 DVDs, alguns milhares de músicas, se você fizer a conta pensando em entretenimento, ou mais de 30 milhões de registros de clientes de uma empresa, se pensar nos riscos que esses dispositivos representam para as empresas. Cada vez menores, mais potentes e mais baratos, os chips de memória têm se multiplicado nas organizações. Eles são a maneira mais rápida de transportar arquivos de um computador para outro. Ninguém precisa mais entender de conexões em rede entre duas máquinas. Basta “espetar” um chaveirinho e fazer o transporte físico das informações para qualquer lugar — inclusive para fora da empresa. “A possibilidade de copiar dados em pen drives não seguros, iPods e computadores de mão, entre outros aparelhos, tem representado um tormento para os esforços de segurança”, diz Larry Ponemon, presidente do Ponemon Institute, empresa americana que pesquisa vazamentos de dados e segurança da informação. Os pen drives já são o segundo meio mais utilizado para transportar documentos e dados corporativos para fora da companhia, segundo uma pesquisa da empresa de segurança digital McAfee. Só perdem para os laptops. Mas, ao contrário dos PCs portáteis, os chaveiros de memória são virtualmente impossíveis de controlar e são encarados de forma casual: raríssimas empresas exigem que os dados por eles transportados sejam protegidos.

O vazamento de informações corporativas causado por perda ou roubo de pen drives tem se tornado cada vez mais freqüente nas estatísticas, de forma proporcional ao crescimento do uso desse tipo de memória portátil. Recentemente, nos Estados Unidos, nomes, endereços, números de identidade e registros médicos de 120.000 pacientes do hospital Wilcox Memorial, no Havaí, foram expostos por causa de um pen drive perdido. O mesmo aconteceu com 6.500 alunos da Universidade do Kentucky, que tiveram suas informações expostas após o extravio do pen drive de um professor. A gigante da aviação Boeing também revelou, no ano passado, ter sido vítima do roubo de 320.000 arquivos de documentos confidenciais por um funcionário que agiu por cerca de dois anos e utilizou memórias portáteis como aliadas. O rombo? Entre 5 bilhões e 15 bilhões de dólares. No Brasil, a situação não é diferente. A subsidiária local da Kroll, consultoria de gerenciamento de riscos, foi contratada no ano passado por uma empresa do ramo imobiliário em São Paulo para investigar um caso de roubo de dados usando a memória portátil. Um suposto técnico entrou na empresa com o pretexto de consertar os computadores da secretária e do diretor-geral, conectou o pen drive e em menos de 25 minutos já havia copiado planilhas com dados bancários, informações financeiras e documentos da empresa. Apenas no final do dia, percebeu-se que não se tratava, de fato, de um funcionário da empresa. “O impacto poderia ter sido muito menor se existissem alguns controles tecnológicos simples, entre eles o bloqueio de gravação nesse tipo de memória portátil”, diz Paulo Renato Silva, diretor da área de computação forense e serviços de tecnologia da Kroll.

“A maioria das empresas conhece os riscos, mas não compreende a gravidade ou acredita que a solução para o problema é muito complexa e cara”, afirma o americano Ponemon. Os números justificam todo e qualquer cuidado. Segundo um levantamento recente do próprio Ponemon Institute com 893 entrevistados, 51% dessas pessoas utilizam esse meio para copiar informações confidenciais da empresa e a maioria (87%) sabe que a prática viola as regras de segurança das companhias. Para proteger seus dados, a Honda Brasil começou a implantar, no mês passado, uma política de restrição aos equipamentos particulares de seus funcionários, sejam pen drives, MP3 players ou computadores de mão. “Mesmo que um desses aparelhos seja plugado a um dos 4.200 computadores da empresa, nenhum dado pode ser copiado”, diz Leandro Doreto, analista de segurança da informação e um dos integrantes do projeto da montadora japonesa. Para não abrir mão da comodidade dos pen drives, a Honda comprou dispositivos criptografados e distribuiu aos profissionais de acordo com a função. Esse tipo de política preventiva, porém, ainda é exceção no Brasil. Segundo Wanderson Castilho, diretor da E-NetSecurity Solutions, de cada dez empresas, menos de três têm essa preocupação de monitoramento. “Nos Estados Unidos, essa proporção chega a sete entre dez”, diz Castilho.

O perigo está em casa

Práticas indevidas dos funcionários colocam em risco muitos dados corporativos (1)

– Copiam informações confidenciais da empresa em pen drives

51%

– Compartilham senhas com colegas de trabalho

46%

– Já perderam equipamentos portáteis de armazenamento de dados

39%

– Enviaram documentos da empresa em anexo para e-mails pessoais

33%

Aparelhos portáteis mais utilizados para transportar dados corporativos

Laptop

41%

Pen drive

22%

– CD-ROM

13%

– Celular ou smartphone

3%

Prejuízo: 1,82 milhão de dólares é o custo médio de um incidente de vazamento de dados

(1) Base: 893 respostas (mundo)

Fontes: MacAfee, Ovum e Ponemon Institute

Parte da explicação está no custo. Enquanto um pen drive de 1 GB custa em média 20 reais no varejo, o mesmo aparelho com criptografia total e proteção por senha chega a custar quase 14 vezes mais, segundo estimativas da fabricante Kingston. Mas problema maior está na complacência. Não raro, as empresas só tomam a precaução depois de passar por problemas. A Hyspex, empresa paulista do setor de alumínio, teve há quase quatro anos um episódio de vazamento de dados pela internet. A fórmula de uma de suas ligas, um dos principais patrimônios da companhia, foi enviada por e-mail por um funcionário para seu principal concorrente. Sem a vantagem competitiva, a empresa perdeu clientes e ficou praticamente parada por seis meses. Depois da experiência, a Hyspex restringiu o acesso à internet somente a sites relacionados ao negócio. E-mails pessoais e mensageiros instantâneos são proibidos, e os e-mails corporativos são monitorados. O próximo deve ser os pen drives. “Foi uma lição duramente aprendida”, afirma o diretor-geral da Hyspex, Arthur Feola.

No próximo post / artigo, iremos continuar a análise, apresentando possíveis soluções para minimizar estes riscos.