Segundo pesquisa realizada pela International Stress Management Association no Brasil (Isma-BR), associação internacional que estuda métodos de prevenir e tratar o estresse, cerca de 35% dos trabalhadores evidenciam dificuldades de adaptação ao trabalho quando regressam de suas férias.
É esperado que nos primeiros dez dias, após o período das férias, algum desconforto ou algum grau de dificuldade de adaptação à rotina se mostre. Para Madalena Lobo, psicóloga clínica especializada em perturbações de ansiedade, esta síndrome, é, no fundo, uma “versão mais alargada da sensação que as pessoas sentem Domingo à noite, de ter que voltar ao trabalho”.
Nesse período, algumas ações específicas podem auxiliar o relógio biológico a voltar a funcionar de acordo com a programação. Depois do período de adaptação, se o desconforto persistir, é indicado procurar um especialista.
Os sintomas que caracterizam a síndrome pós-férias são: irritação, agressividade, ansiedade, tristeza, desmotivação, cansaço, insônia e falta de concentração. Algumas pesquisas revelam que as pessoas com menos de 40 anos são mais suscetíveis à síndrome.
Para evitar maiores desconfortos é importante planejar a volta das férias. Portanto, a volta das férias deve ser gradativa para que a pessoa possa adaptar-se à nova rotina. É bom lembrar que o organismo, quando entra em férias, tende a obedecer ao máximo o seu próprio ritmo. E todos nós temos um ritmo peculiar. Em férias, o relógio biológico reorganiza suas funções de sono e de secreção de hormônios, entre outras, daí a melhora no bem-estar. Ao voltar para o trabalho, ou para a rotina, o corpo sente a mudança e responde acentuando diversos tipos de mal-estar, caracterizando um quadro de estresse.
Do ponto de vista da Psicologia, as férias sevem também como um período de reorganização da vida da pessoa. Algumas expectativas podem ser levantadas nesse momento. No entanto, nem todas as pessoas conseguem, de fato, colocar em prática o que se propuseram no período de férias, o que pode trazer frustração e ansiedade ao mínimo contato com a realidade.
Assim, o impacto da volta das férias pode ser positivo ou negativo. Depende muito do modo como cada pessoa encara a sua realidade. Se a pessoa está satisfeita com o seu trabalho, se encontra realização e gratificação no que faz, provavelmente não sofrerá tanto no período de adaptação à rotina. Seu desconforto poderá, então, recair sobre outras áreas que – com o trabalho – serão restringidas. É provável que o tempo com os amigos seja reduzido ao retornar das férias, assim como o prazer que a pessoa experimentou nas suas relações sociais. Prá isso algum ajuste será necessário. Ao retornar das férias, aumentar os encontros com os amigos e momentos em família pode ser ou representar uma boa saída nos primeiros dias de trabalho, até acostumar-se com o ritmo normal. Além disso, a partilha das aventuras com os amigos é um “ritual de transição” que ajuda a atenuar a síndrome pós-férias. Quando se regressa, não se aterrissa imediatamente na realidade.
Para sofrer menos na volta das férias:
- Procure não retornar das férias às vésperas do trabalho ou das aulas.
- Tente adaptar seu organismo ao novo padrão, tentando, por exemplo, dormir uma hora mais cedo.
- Mudar os hábitos de alimentação e integrar uma atividade física regular pode ajudar muito a combater os sintomas da síndrome.
- Evitar longas jornadas de trabalho.
- Se sentir falta de apetite no horário tradicional das refeições, faça um lanche mais leve, mas não deixe de se alimentar.
- Tente encontrar novas motivações no seu trabalho e em outras áreas de sua vida.
- Mesmo que tenha poucas horas de lazer, aproveite bem. Leia vá ao cinema, pedale ou saia com os amigos.
O tratamento para a síndrome pós-férias: quando a pessoa não consegue, por conta própria, a adaptação necessária, muitas vezes é imprescindível procurar ajuda médica. O tratamento pode ser administrado com o uso de antidepressivos e ansiolíticos. Se precisar, procure ajuda médica e psicológica. A sua saúde agradece e o bom convívio com os colegas, a família e os amigos também!
Patrícia Luiza Prigol
Psicóloga Clínica
CRP 07/08744
Parabéns pelo belo texto!
Abraço