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“Portadores de Necessidades Especiais” são pessoas que apresentam limitações importantes em seu desenvolvimento caracterizando um diagnóstico específico. São classificados como tal segundo o Manual de Diagnóstico e Estatística de Transtornos Mentais (DSM-IV) ou ainda outros manuais de diagnóstico para determinados transtornos do desenvolvimento. A busca (sem objetivos claros e consistentes) por um diagnóstico específico pode, muitas vezes, reforçar ainda mais o processo de exclusão dos PNEs (Portadores de Necessidades Especiais). Considerados, por uma parcela da população, “anormais” ou deficitários, são discriminados permanecendo à margem de uma sociedade preconceituosa e extremamente competitiva.

Se considerarmos o contexto político, social e econômico do nosso país, numa sociedade capitalista e, portanto, excludente, não teríamos que rever tais conceitos? O “diferente” não deveria ser aquele ou aquela que exclui e marginaliza seus membros? Não seríamos todos iguais pela condição humana a que somos submetidos? Quem é, então, o “diferente” ou o Portador de Necessidades Especiais? Não somos, nós, seres humanos imperfeitos, incompletos e mortais que poder-se-ia classificar, então, como sendo Portadores de Necessidades Especiais?

Todas essas questões servem para fazer um alerta especial. Não apenas à sociedade (a qual está realmente deficitária em muitos aspectos), mas fundamentalmente aos profissionais que trabalham diretamente com essa realidade. Seja qual for a área de atuação, profissionais “liberais” (autônomos), empresários ou administradores de empresas, juramos atender a população com vistas à inclusão e não à exclusão.

O problema é que pertencemos a este mesmo universo, de uma sociedade preconceituosa e mal informada. Corremos um grande risco, de cair na armadilha das nossas próprias crenças, credos e pré conceitos, buscando classificar e rotular pessoas para reforçar ainda mais suas dificuldades. Quem já não acompanhou a história de superação de tantos “deficientes”, com alguma “anomalia” importante, os quais foram além dos seus próprios limites? Não são estas pessoas que servem de exemplo de superação para todos aqueles que, em tese, teriam uma condição melhor?

De Porta em Porta

O filme “De Porta em Porta” mostra bem essa realidade. Um homem com uma deficiência mental importante, além de outras limitações, não se deixou abater pelo preconceito social e foi muito além de todas as expectativas ou prognósticos estabelecidos. Entendo que o diagnóstico deve servir apenas para conhecermos parte da realidade do paciente, para também conhecermos seus pontos fortes e suas dificuldades, sempre com vistas ao planejamento de ações terapêuticas ou à determinação de um plano terapêutico que possa contemplar as suas reais necessidades.

Contudo, dependendo da “deficiência” do profissional da área da saúde, poder-se-á determinar um único caminho para esses pacientes, ao invés de acreditar que a superação faz parte da nossa existência e que todos têm condições, sim, de reverter suas próprias dificuldades, buscando caminhos e rotas possíveis.