Nesta época, de fim de ano, a retrospectiva dos “melhores e piores” momentos vividos faz com que muitos entrem em contato com um sentimento de tristeza e pesar do que não foi conquistado durante o ano (as metas que não foram atingidas), levando, em alguns casos, a uma frustração que pode se tornar mais intensa e difícil de se lidar. A permanência neste estado de frustração pode levar a um sentimento de tristeza maior (ou melancolia) caracterizando, muitas vezes, um episódio depressivo na vida da pessoa. Este “estado de melancolia” pode surgir quando já não se consegue mais dar conta das emoções e dos sentimentos que acabam por paralisar as ações ou atrapalhar a rotina. É quando a rotina começa a pesar demais e aquilo que antes fazia parte do dia-a-dia, toma uma proporção maior e uma densidade tal que a pessoa sente-se incapaz de enfrentar.
O “espírito natalino”, muitas vezes, leva as pessoas a um mergulho ao passado, uma espécie de “resgate dos valores humanos” e de tudo aquilo que passa a ter um significado e um sentido maior em suas vidas. É normal, portanto, ficar mais sensível à época, pois ao “retornar à casa” , resgata-se um passado que representa a trajetória do sujeito: suas escolhas e o caminho trilhado até o momento. As lembranças tomam espaço em meio a rotina das pessoas, levando-as a experimentarem sentimentos que ainda estão presentes e que, nem sempre, são simples de serem recordados.
Porém, há uma boa notícia em meio a essa turbulência de emoções: o ser humano precisa conectar-se, entrar em contato com a sua essência, com tudo aquilo que o define “humano” e, mais, que faz com que ele se dê conta do que é, e não de como está. Esta é a principal diferença do momento depressivo ou da depressão situacional: as emoções natalinas poderão ajudar as pessoas a reencontrarem-se novamente, internamente, para depois compartilhar com o outro as suas verdadeiras conquistas, os seus verdadeiros achados.
Por tudo isso, cabe lembrar que apesar de nos “deprimirmos” um pouco no Natal, o Ano Novo logo chega para brindarmos quem verdadeiramente somos e tudo aquilo que ainda poderemos conquistar. Para alimentar a esperança em dias melhores, num futuro próximo que nos remeta ao recomeço, as novas possibilidades, a um novo caminho.
E para aqueles que, por ocasião, perceberem que as emoções ou o sentimento de tristeza maior (melancolia) começar a atrapalhar a rotina de forma expressiva, cabe salientar que o mais importante é reconhecer que é hora de pedir ajuda. Se não conseguir, por alguma razão, pedir ajuda diretamente ao profissional da área da saúde mental, que possa, então, solicitar este auxílio a um familiar ou amigo mais próximo para que este venha interceder, ajudando a pessoa a buscar um tratamento que traga não somente o alívio dos sintomas, mas a compreensão de suas possíveis causas. É enfrentando a realidade que a pessoa poderá ser ainda mais feliz.
Para encerrar o ano, escolhi uma mensagem de Fernando Pessoa e dedico a mesma para todos os leitores da minha coluna, parceiros e amigos nesta caminhada:
“Há tempo em que é preciso abandonar as roupas usadas, que já tem a forma do nosso corpo, e esquecer os nossos caminhos, que nos levam sempre aos mesmos lugares. É o tempo da travessia: e, se não ousarmos fazê-la, teremos ficado, para sempre, à margem de nós mesmos”.
Desejo a todos um Feliz Natal e um Ano Novo repleto de realizações.