Além de debater projeções sobre economia brasileira e perspectivas de seus diversos segmentos, a Business Round-Up da Amcham – São Paulo, nesta quinta-feira (6/10) contou com workshops para abordar as principais tendências para a condução dos negócios em 2011, aplicadas às áreas de Operações, Marketing e Gestão de Pessoas.
Operações
Pesquisa Amcham/Ibope aponta que as companhias pretendem aumentar suas capacidades produtivas e aperfeiçoar as operações no próximo ano. Para 51%, os investimentos em 2011 serão superiores aos efetivados em 2010 e, para 43%, os aportes serão no mesmo nível que os realizados no ano anterior.
Os planejamentos consideram destinação de recursos para o aumento da produção (35%), a implementação de novas tecnologias (18%), a expansão fabril (14%), a aquisição de equipamentos e maquinários (6%) e a modernização das instalações (4%).
“Esse levantamento envolve todas as atividades voltadas ao core business das empresas, desde a aquisição de matérias primas até distribuição e envolve a área de suporte de tecnologia da informação (TI) e comunicações. O Brasil tem removido um atraso no crescimento nos últimos anos, usou a capacidade ociosa e começa a chegar no gargalo. Com a expansão do mercado interno, não há outra saída para as empresas que a não seja expandir as capacidades. Por isso, a perspectiva com relação a investimentos existe”, destacou Guy Cliquet do Amaral Filho, professor de gestão de Projetos e coordenador do programa de pós-graduação do Insper (Instituto de Ensino e Pesquisa), que foi o mediador do grupo.
Entre os desafios a serem superados em 2011, o gap de mão de obra. Atualmente, 35% das corporações já estão expressamente impactadas pela falta de profissionais qualificados nas áreas operacionais e, outras 53%, relativamente impactadas. Os custos de energia e de logística tributária são os aspectos que continuarão influenciando negativamente os negócios no próximo ano.
Após a divulgação do estudo, um workshop com profissionais que atuam nas operações das empresas, identificou tendências:
- Ampliação das capacidades das empresas em atender novos mercados ou os já existentes em progressão;
- Uso de ferramentas e metodologias para mensuração de riscos, garantindo melhor direcionamento e maior segurança aos investimentos;
- Aplicação de tecnologia da informação voltada à apuração de informações sobre mercados, demandas, produtos e concorrência (business intelligence);
- Oportunidades de migração de instalações para outros centros na região Sudeste, saindo de cidades de grande porte para médias;
- Integração de todas as equipes na elaboração dos planejamentos, garantindo gestão adequada, comprometimento e previsibilidade;
- Adoção de práticas sustentáveis;
- Infraestrutura – caberá à iniciativa privada se organizar em associações, indicando necessidades e direcionamentos aos planos do governo;
- Qualificação de profissionais – influenciar meios externos para que isso possa acontecer;
- Aprendizagem dentro das organizações;
- Importação de mão de obra;
Marketing
Com relação especificamente às áreas comercial e de marketing, a pesquisa Amcham/ Ibope mostra que 54% das empresas planejam expandir seus investimentos. Outros 45% esperam manter os aportes nos níveis atuais e apenas 1% dizem ter intenção de conter verbas para esse fim.
Os investimentos estarão concentrados em ações de relacionamento (18%), lançamento de novos produtos (15%), estratégias comerciais como redução de preços e aumento de prazos (14%), ações com as marcas (13%) e iniciativas para ampliar o valor dos produtos e serviços ofertados (12%).
Como parte da Business Round Up, workshop com profissionais das áreas comercial e de marketing detectou as principais tendências para esses segmentos em 2011. São elas:
- Investimentos em projetos e práticas sustentáveis;
- Intensificação da atuação em redes sociais;
- Expansão e integração de canais de vendas;
- Novas estratégias para gestão de relacionamento com clientes e demais públicos de interesse;
- Aumento do investimento em inteligência de informação;
- Investimento em formação e retenção de colaboradores;
- Fortalecimento da gestão de marcas;
- Velocidade crescente da inovação;
- Ampliação do escopo do negócio por meio de fusões, aquisições ou parcerias (alianças estratégicas);
- Atuação/ foco em segmentos de mercado específicos, e;
- Maior conscientização sobre a importância do pós-venda.
“Pelo que tenho visto acontecer, tanto na academia quanto na prática, o principal é o investimento em recursos intangíveis: informação, pessoas e marcas. Essa é a grande tendência. Se tivesse que escolher prioridades, seriam gestão de marcas e todos os investimentos em novas formas de relacionamento”, comentou Daniela Khauaja, coordenadora acadêmica da área de Marketing da pós-graduação da Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM), que mediou o debate ao lado de Mara Lacerda, diretora de Produtos e Serviços da Amcham.
Gestão de Pessoas
O levantamento Amcham/Ibope também revelou as perspectivas para a área de gestão de pessoas em 2011. No estudo, 61% dos respondentes informaram que os investimentos em Recursos Humanos irão crescer no próximo ano. Para outros 32%, eles permanecerão estáveis e, apenas 6% considerou a redução deles.
No orçamento de 2011, para 81% das companhias está previsto aumento de investimentos em treinamentos, enquanto para 13% das organizações isso não irá acontecer, e outros 6% não souberam responder.
A folha de pagamento irá aumentar, disseram 77% dos entrevistados, visando o aumento do quadro de colaboradores (67%), aportes em plano de retenção (25%) e condições de atratividade para enfrentar a guerra de talentos (8%).
De acordo com a sondagem, o apagão de talentos tem impacto expressivo para 35% das empresas, seguido por 48% que avaliou ser relativamente impactada e 16% que afirmou não sofrer com o problema.
Durante o Workshop Gestão de Pessoas, o grupo de executivos participantes elencou algumas das tendências e soluções para o segmento para os próximos anos, entre elas:
- Capacitação e desenvolvimento estratégico em todos os níveis da empresa;
- Importação de mão-de-obra como solução a curto prazo;
- Aplicação de endomarketing (estimular entre os colaboradores o sentimento de pertecer ao grupo), não investindo somente em remunerações;
- Otimização do recrutamento interno;
- Desenvolvimento de plataformas de treinamento virtual, web training, destinadas aos colaboradores, porém com acompanhamento de uma liderança eficiente;
- Promoção e incentivo à diversidade, criando uma cultura interna de valorização a este aspecto como fator de competitividade;
- Criação de benefícios diferenciados e inovadores (com foco em redução de custos) para serem direcionados a grupos distintos de colaboradores;
- Estimulo à vida de qualidade, através de conscientização sobre práticas saudáveis (espírito, corpo e mente);
- Mobilização de toda organização e formação de parcerias com sindicatos, outras empresas e governos, na busca de soluções para problemas fiscais e legais, e;
- Reinvenção do modo de atrair, selecionar e reter jovens talentos.
“Há necessidade do desenvolvimento de novas estratégias pelos departamentos de Recursos Humanos para a redução de custos, não comprometendo a competitividade do negócio. São questões problemáticas antigas, potencializadas pela dimensão que as companhias alcançaram no mercado”, comentou o moderador do workshop Wagner Brunini, presidente da Associação Brasileira de Recursos Humanos de São Paulo (ABRH-SP) e vice-presidente de Recursos Humanos da América do Sul da Basf, empresa do setor químico.