Não há mais como negar esta realidade se considerarmos que o envelhecimento é um fenômeno mundial que vem acontecendo nos últimos trinta anos. No Brasil, segundo a projeção estatística da Organização Mundial da Saúde, entre 1950 e 2025 a população de idoso crescerá dezesseis vezes contra cinco da população total. A proporção de idosos passará de 7,5% em 1991 para cerca de 15% em 2025, que é a mesma proporção dos países europeus. Com este aumento o Brasil estará, em termos absolutos, com a sexta população de idoso do mundo. Neste sentido, não há outra saída para a sociedade a não ser apreender uma nova linguagem que possa incluir as pessoas da maturidade (ainda denominadas “Terceira Idade”) no mercado de trabalho, nas atividades sociais e no convívio das famílias. O “velho” de antigamente não é mais o velho de hoje que, inclusive, em muitos casos, serve de exemplo de qualidade de vida e produtividade repercutindo consideravelmente no PIB (produto interno bruto) do nosso país.
Uma sociedade que se encaminha para o envelhecimento deve aprender a se relacionar com o idoso. A convivência dos jovens com pessoas da terceira idade também pode contribuir muito no processo da inclusão. A criança de hoje, logo, será o idoso de amanhã! Comprovamos uma mudança nesta direção: a terceira idade está muito mais atenta aos movimentos sociais e as mudanças que ocorrem na atualidade. Os idosos de hoje são adeptos às inovações que os jovens propõe e não ficam constrangidos ao se matricularem, por exemplo, num curso pré-vestibular ou ingressar na Universidade, ainda que seja a da “Terceira Idade!” Buscam a realização de sonhos e desejos que foram substituídos por outras necessidades num dado momento de suas vidas. Participam também de eventos e apresentações que os jovens apreciam. Portanto, não existe mais esta separação: o que faz parte do “mundo dos jovens” e o que faz parte do “mundo da terceira idade”. Não raro encontramos pessoas muito jovens que apresentam um perfil psicológico enraizado no “velho dos anos 50”. Estamos falando de horizontalidade nesta questão da inclusão e não mais de verticalidade.
Os mais sábios, na “Idade da Maturidade”, desenvolvem uma habilidade ímpar de “escuta” e um “olhar’ curioso a respeito do que se passa ao seu redor. Tendem a ampliar as relações que estabelecem e os limites do espaço que ocupam na vida. São estes espíritos desbravadores que tendem a viver mais e melhor. Eles chegam à maturidade com o espírito da juventude!
Podemos dizer que não existem ocupações específicas para o “idoso’ na contemporaneidade. Não há limites neste aspecto, a não ser àquilo que, por orientação médica, em função de suas condições físicas e psicológicas, lhe for sugerido. A agenda dessas pessoas é, na maior parte das vezes, mais cheia do que a de um adulto na fase do empreendimento. Eles fazem atividades físicas, dançam, participam de eventos culturais (sendo eles os protagonistas), trabalham de forma remunerada, estudam, se separam, casam de novo e, alguns, ainda têm filhos na maturidade. É preciso mudar a mentalidade da nossa sociedade. O velho de hoje não vem acompanhado da “cadeira do vovô”, da bengala que o limitava a sair de casa (por vergonha!), das roupas escuras e fechadas até o pescoço esperando a morte chegar! Hoje, as pessoas da maturidade ainda trabalham, estudam, se divertem e fazem sexo. Através desses bons exemplos preparamos nossos jovens e nossa sociedade para uma nova identidade social: a da integralidade por meio da inclusão e não mais da divisão ou separação por meio da discriminação e do preconceito.