Em seu primeiro trabalho como diretor de um longa-metragem para o cinema, o hoje autoral Sidney Lumet não poupou esforços para moldar um dos filmes mais fantásticos da história do cinema. Com uma direção genial, composta por delirantes ângulos e planos americanos, Lumet entregou mais uma obra-prima para a gloriosa década de 50. A rigor, o filme de Lumet é uma sucessão de diálogos brilhantes e cortes impecáveis, onde o diretor consegue transmitir a angústia dos personagens apenas com enquadramentos e closes. O diretor arremessa sem cerimônia o espectador, que assiste a tudo extasiado, para dentro da história. 12 Homens e Uma Sentença fala diretamente à razão e mostra que nossas escolhas merecem ser repensadas, sempre.
Essa obra-prima de Sidney Lumet é a prova de que uma história não precisa ser necessariamente complexa e provida de material didático intelectual para funcionar. Com um argumento seco e direto, sem enfeites e com personagens fortes e realistas, 12 Homens e Uma Sentença mantém o espectador vidrado na tela, literalmente embasbacado com o que vê diante de seus olhos. Mais que uma aula de cinema, o filme é um ensaio sobre a gramática cinematográfica e um exercício completo sobre a condução da narrativa. Mas que deve ser revisto muitas vezes, pois a direção de Lumet é tão discreta quanto eficiente e pode não denunciar todo o seu brilhantismo logo à primeira vista.
O filme conta a história dos doze homens do título que fazem parte do júri encarregado de decidir o futuro de um menino acusado de matar o pai a facadas. O filme, que foi filmado em uma única locação, com exceção da primeira e da última cena – pouco mais de três minutos de duração – é ambientado na sala do júri, onde será decidido se o garoto será condenado ou não. A decolagem e o desenrolar da trama é conduzido com maestria, definitivamente não percebemos que estamos nos envolvendo tanto com um filme dirigido por um estreante. A maneira como Lumet vai preenchendo as lacunas deixadas pelo quebra-cabeça criado pelo roteiro de Reginald Rose é espetacular, e qualquer desvio de atenção ameniza e absorve a tensão eletrizante elaborada com precisão pelo diretor.
Em meio aquele clima claustrofóbico, o diretor fala sobre liderança, trabalho em equipe e, principalmente, sobre o comportamento humano. A sensação dos personagens, o público sente na pele, e passa então a discutir os temas postos à prova pelo filme. A longa e complexa tarefa de liderar, o cauteloso processo de gerenciamento de um trabalho coletivo e a reação de tudo isso no ser humano. O resultado pode ser eficiente se realizado com perícia, mas também pode causar transtornos caso os integrantes entrem em conflito – entre eles ou com o líder do grupo.
No filme, quem toma as rédeas da liderança é o personagem de Henry Fonda que, aos poucos, ganha confiança dos demais e passa a organizar a situação. A equipe sente a presença do “capitão” e passa a acatar suas ideias de forma mais sensata e coerente com o trabalho. De fato, o resultado é satisfatório, pois com o grupo bem gerenciado o trabalho flui naturalmente saudável. Se observado com atenção, 12 Homens e Uma Sentença pode ser uma dica imperdível para qualquer ramo empresarial.