O dinheiro é o meio de troca que permite o acesso aos mais variados tipos de recursos, (recursos de pessoal, recursos de tempo, recursos naturais, recursos materiais dentre outros), eliminando as deficiências do milenar sistema de troca ou escambo.
Nos registros históricos da antiga Mesopotâmia, há mais de cinco mil anos, consta que as pessoas usavam “fichas” de argila para registrar transações que envolvessem produtos agrícolas, como a cevada ou a lã, ou metais como a prata. Uma destas “fichas” encontradas no Iraque, datadas de 1647 AC, declara que seu portador deveria receber uma quantia específica de cevada na época da colheita.
Fazendo uma analogia com a atualidade, uma nota de 100 reais determina que seja pago ao portador a quantia de 100 reais, que poderá 100 moedas de um real, o equivalente em moeda estrangeira, ou recursos de pessoal, de tempo, naturais ou recursos materiais, etc., equivalentes a 100 reais.
Para desempenhar as funções de unidade de valor que permita as transações econômicas sejam conduzidas ao longo de períodos e através de limitações geográficas, o dinheiro tem que estar disponível, e ser ao mesmo tempo, durável, de fácil acesso e confiável. Como preenchem a maioria destes critérios, ao longo do tempo os metais, ouro, prata e bronze foram considerados a matéria prima ideal.
No mundo global, o dinheiro muitas vezes é representado por planilhas e cifras virtuais na tela de um computador, o que talvez facilite a ocorrência de fraudes, a mais recente envolvendo no Brasil o Banco Panamericano, na cifra de 2,5 bilhões de reais.
A história do dinheiro está ligada também a história das primeiras transações bancárias e a cobrança de juros. Com a chegada de Jesus Cristo, e posterior desenvolvimento do cristianismo, há uma revolução na atitude perante o dinheiro. Sabe-se que esta separação de entendimentos tem a ver com a separação existente dentro do judaísmo ao tempo de Jesus, entre Saduceus (judeus conservadores) e Fariseus (judeus revolucionários).
Para uns, possuir dinheiro é uma forma evitar a violência e de resolver possíveis problemas futuros. Já para a nova religião nascente, o dinheiro era algo de sujo e problemático. Enquanto para uns, a riqueza era um meio de melhor servir a Deus, para outros ela impossibilitava a salvação.
Baseado na Obra de Shakespeare, no filme o “Mercador de Veneza” o personagem Shylock, (brilhantemente interpretado por Al Pacino), ao emprestar três mil ducados ao apaixonado Bassânio, exige (por motivos diversos) uma cruel garantia de seu avalista Antonio. E para tanto alega: “Emprestar dinheiro a mercadores é arriscado. Os seus meios estão em suposição, seus navios estão espalhados pelo mundo, um a caminho do norte da África, outro para a Índia, um terceiro para o México e um Quarto para a Inglaterra. Mas navios não são senão tábuas, marinheiros senão homens; haverá ratos de terra, ratos de água, ladrões de água, ladrões de terra, (piratas), e depois existe o perigo de águas, vento e rochedos.”.
Estes argumentos refletem já no espírito da época, o motivo pelo qual qualquer pessoa que empresa um mercador, mesmo que seja apenas pela duração de uma viagem oceânica, precisa ser compensada. Geralmente chamamos isto de juro ou compensação. A quantidade paga ao emprestador acima e abaixo da soma emprestada, ou o principal.
O tipo de comercio exterior do qual Veneza dependia em 1300 DC não teria acontecido se seus financiadores não tivessem sido recompensados de alguma maneira, por arriscarem seu dinheiro em “meras tábuas e homens.”.
Havia uma boa razão para explicar por que os mercadores venezianos tinham que ir até o gueto judeu do outro lado da cidade, quando precisavam de dinheiro emprestado. Para os cristãos da época, emprestar dinheiro a juros era pecado. Os usurários, pessoas que emprestavam dinheiro a juros, tinham sido excomungados pela igreja.
Supostamente, os judeus também não deveriam emprestar dinheiro a juros. Mas havia uma brecha conveniente na cláusula do livro do Deuteronômio, do Velho Testamento: “Para um estrangeiro, vós podeis emprestar sob a usura; mas não emprestarás sob a usura ao vosso irmão.” Em outras palavras, um judeu podia emprestar legitimamente a um cristão, embora não a outro judeu. O preço de fazer isto foi a sua exclusão social.
Mais tarde, com o advento da Reforma Protestante, ocorre uma nova reversão na relação com o dinheiro, repondo entre os protestantes do mundo ocidental, o entendimento que os Judeus faziam do dinheiro. Este regresso a partir do século XVI feito a alguns princípios econômicos do Judaísmo existentes na era A.C. (de que o dinheiro pode e deve ser utilizado como instrumento do bem, e qualquer um pode gozar do dinheiro bem ganho) caracteriza a sociedade moderna onde o sistema econômico predominante é o Capitalismo.
Uma excelente semana a todos!
Ivo Ricardo Lozekam
Email e MSN: ivoricardo@terra.com.br
Consultor de Empresas na Área Tributária
Membro do IBPT – Instituto Brasileiro de Planejamento Tributário