A função de Custos dentro das empresas viveu duas fases no Brasil. A primeira fase até o ano de 1994 e após com a estabilização da moeda.
Até o ano de 1994 era comum observar-se nas empresas a forma de fazer custos era arbitrária, onde se apurava o valor do “possível” custo de fabricação ou o preço de aquisição no comércio, e multiplica-se por 2,00, por 3,00, ou por 4,00 sem levar-se em conta se o cliente tinha condições de pagar esse preço ou não.
O pensamento em muitos segmentos empresariais não era ganhar no negócio principal da empresa e sim buscar ganhos fora da realidade no mercado financeiro, aplicando o dinheiro.
Essa fase do Brasil, fez com que o País não se preocupasse com gestão e planejamento.
Até esse momento, a inflação escondia a incompetência da gestão das empresas e a tradicional fórmula de fazer custos era: PREÇO DE VENDA = CUSTO + MARGEM DE LUCRO.
O nosso país até então pouco acostumado com gestão, planejamento e a ter bons controles no dia a dia não tinha uma visão do quanto é importante ter um custo correto.
Com a estabilização da moeda, a partir do Plano do Real em 1994, ter custos corretos para formação de preço de venda tornou-se imprescindível para ter a rentabilidade do negócio.
Porém, na gestão empresarial os executivos se defrontam com o desafio da gestão estratégica de custos num cenário cada vez mais competitivo.
E esse cenário transformou-se na maior parte dos ramos de atividades a quebra do paradigma de custos, onde o MERCADO inverteu a tradicional fórmula de custos para determinar que o PREÇO de VENDA na maioria das situações seja determinado pelo MERCADO e a margem de lucro seja incluída não pela margem de lucro pretendida e sim “O QUANTO O MERCADO PODE PAGAR “.
Para a pequena ou média empresa nos dias atuais a importância de gerenciar corretamente seus custos tornou-se função primordial para a sobrevivência do negócio.
Nas indústrias os departamentos de engenharia desenvolveram a viabilidade dos produtos antes do seu lançamento e inclusive tentando prever o ciclo de vida dos produtos.
Nos dias atuais o pequeno empresário defronta-se com a concorrência desleal, com o mercado informal e caso não tenha um preço competitivo para atuar no mercado poderá ter sérios problemas na gestão.
Além de calcular corretamente seus preços de vendas e não ficar fora da competição global, todas as empresas precisam diariamente pensar no que fazer no seu negócio para reduzir custos.
As margens de lucro estão cada vez menores e a estrutura para uma empresa se manter no mercado e atender todas as exigências legais é cada vez maior.
Os concorrentes até então locais, hoje são internacionais. Encontram-se produtos de qualidade razoável com preços às vezes inexplicáveis.
A escolha do regime tributário adequado também exerce relevante importância na gerência de preços. Num país onde carga tributária é uma das maiores do mundo, saber se o Lucro Real, Presumido, Arbitrado ou o SUPERSIMPLES é a melhor opção torna-se vital para apurar custos.
Ao deparar-se com problemas de margem de lucro, em muitas situações o gestor pensa em aumentar o faturamento para melhorar resultado. Caso seus custos estejam incorretos ao invés de melhorar a rentabilidade o mesmo estará aumentando o prejuízo.
A preocupação com os custos variáveis e a evolução dos custos fixos de qualquer empresa, deve ser uma preocupação diária na gestão das empresas.
Uma das maiores implicações dos custos fixos reside nos critérios adotados para sua alocação aos preços de venda gerando, na maioria das vezes, enormes distorções e perda de competitividade, quando rateados de modo inadequado.
O acompanhamento da evolução dos custos gerais das empresas deve ser feita de forma permanente, pois a rapidez da tomada de decisão no mercado torna-se um fator diferencial para a empresa.
Também deverão ser observados os fatores mercadológicos na formação dos preços e o volume de capital de giro necessário para criar políticas diferenciadas de preços.
Dica de leitura: Contabilidade de Custos – Eliseu Martins – Editoria Atlas.
Fico à disposição de vocês!
Volnei Ferreira de Castilhos
Mestre em Finanças (UFRGS)
Professor da Fundação Getúlio Vargas
Consultor Financeiro