Apartir desta semana, iremos publicar uma série de reportagens publicada pela Rádio Câmara, no qual abordou o fenômeno das redes sociais na internet e o grande sucesso das novas ferramentas virtuais no Brasil. Na primeira matéria da série, conheça o perfil dos usuários e saiba o que leva as pessoas a manter essas redes.
Clique aqui e escute a reportagem na íntegra, sendo que abaixo você poderá ler o resumo. Resumo da Reportagem: O brasileiro é o povo mais sociável da Internet. Oitenta por cento das pessoas conectadas no país têm perfil em sites de relacionamento como Orkut, Facebook, Twitter e mais recentemente no Linkedin. Segundo dados do Ibope, para cada quatro minutos na rede, os brasileiros dedicam pelo menos um para atualizar seu perfil e olhar o dos amigos. As redes sociais on-line são páginas na Internet em que se pode publicar um perfil público de si mesmo, com fotos e dados pessoais, e montar uma lista de amigos que também integram o mesmo site. Como em um clube, esse é o espaço no qual as pessoas trocam informações sobre o cotidiano de suas vidas, mostram fotos dos filhos, comentam os vídeos caseiros uns dos outros, compartilham informações e novidades. Raquel Recuero, jornalista, professora da Universidade Católica de Pelotas, pesquisadora de redes sociais desde 2002 e autora do livro “Redes sociais na Internet”, avalia que essa nova forma de se relacionar faz parte da evolução natural da rede como ferramenta de comunicação. “Um dos primeiros programas a surgir é justamente o e-mail, depois o chat, que também vai se popularizar imensamente e aí a gente vai vendo que essas ferramentas que falam para o social do ser humano vão ficando cada vez mais populares. Então, os sites de rede social são mais uma ferramenta que vai surgir num momento que a Internet está crescendo e consequentemente eles se tornam um fenômeno justamente porque a Internet está atingindo um público muito maior e eles oferecem uma grande possibilidade de interação entre as pessoas, além disso, eles oferecem outra percepção da interação: tu estás vendo as pessoas ali mesmo quando elas não estão conectadas, as pessoas estão atualizando o que estão fazendo, então, isso tudo estimula as pessoas a interagirem mais, o que é diferente de ferramentas como o chat, que se tu logavas e não tinha ninguém, era sem graça porque não tinha ninguém pra conversar”. Em nenhum outro país existe um entusiasmo tão grande pelas amizades virtuais como no Brasil. A começar pelo número de contatos que cada usuário mantém: a média de amigos virtuais no mundo é de 195 pessoas por usuário. Aqui, é de 365. Sites como Orkut, Facebook e Twitter, por sua instantaneidade, criaram ainda um novo fenômeno. O uso da rede passa a ser muito mais intenso. Especialistas apontam um novo tipo de ansiedade: a de ficar sempre plugado para evitar a impressão de que se está perdendo algo. Jonas Federman, professor da Escola de Comunicação da UFRJ, acredita que pode estar aí a razão do grande sucesso das comunidades virtuais: elas podem ser uma compensação ao isolamento de quem está atrás do computador. “Há uma certa avidez por se desnudar. Há uma certa tendência e também uma sede por querer saber e querer se apresentar e acho que há também um isolamento muito grande por trás dos inter-atores. O ato de escrever é uma atividade muito solitária. São vários autores solitários tentando se conectar, se atualizar e isso gera uma certa ansiedade por se manter socializado eletronicamente falando. Há uma espécie de solidariedade em voga entre os solitários ou web-solitários” A estudante Ana Luísa Soares, de 22 anos, tem perfil no Orkut, no Facebook e no Twitter também. Ela reconhece que passa pelo menos sete horas do seu dia usando essas ferramentas. “Sempre que eu estou em casa, eu estou de olho. Na universidade também quando eu tenho intervalo, eu olho, porque muita gente se comunica comigo por redes sociais e não por email, é mais fácil saber da vida de alguém, saber de alguma coisa pelo facebook, twitter ou orkut. E só pelo computador, porque não tenho celular com Internet, porque se tivesse ia usar também. Se eu fosse ligar para cada um dos meus amigos para saber se está tudo bem, se precisam de ajuda, eu ia gastar muito mais que as sete horas que eu gasto revisando minhas redes sociais. Eu também acho que quem usa as redes sociais quer ser visto, quer ser ouvido, quer de alguma forma marcar o seu mundo, querendo ou não, utiliza as redes sociais para se sociabilizar por meio Internet, trocando um pouco do contato físico por esse contato à distância”. Na internet, é possível administrar uma enorme rede de contatos, principalmente com pessoas pouco conhecidas, todas ao alcance de um clique. Para manter a lista de amigos virtuais abastecida, basta atualizar o perfil com frequência e publicar comentários sobre, por exemplo, suas atividades cotidianas. O terapeuta Arly Cravo, cuja especialidade é ajudar as pessoas a se relacionarem umas com as outras, alerta para superficialidade dessas relações. “Eu fui aprendendo, eu fui vendo que, nas redes, como numa sala social, num coquetel, você vai com o melhor vestido, o homem com o melhor terno, ele vai apresentando o lado melhor dele. No Orkut, dependendo do grau de exposição que a pessoa se dispõe, é que você conhece outras dimensões dessa pessoa”. Já o professor de Comunicação Jonas Federman aponta ainda novas repercussões na maneira de se relacionar nas redes sociais. “Você busca pessoas que possam te alimentar de informações que te interessam profissionalmente, pessoalmente, artisticamente, enfim, você vai fazendo esse tipo de seleção. Então, você vai dali tendo um perfil a ser também explorado pelas empresas e tudo isso interfere de uma forma complexa nas questões relativas à arte, à publicidade, à entretenimento, então eu acho que a tendência, é que lazer, trabalho, relacionamentos passem por uma fase forte de transformação. Esse é a meu ver o grande evento, a grande modificação que estamos vivendo”. Além de amizades e relacionamentos amorosos, cada vez mais as pessoas buscam as redes sociais para se manter informadas, buscar novas oportunidades profissionais e até estudar línguas. Na próxima reportagem, vamos conhecer os diferentes usos das redes sociais.